Em 2025, o mercado imobiliário português opera sob um novo paradigma. A sigla ESG (Environmental, Social, and Governance) deixou de ser um capítulo acessório nos relatórios de sustentabilidade para se tornar na espinha dorsal da análise de risco e da avaliação de ativos. Para investidores institucionais, bancos e promotores, a questão já não é apenas “quanto vale o imóvel?”, mas sim cada vez mais “quão resiliente é este valor face aos critérios ESG?”.
A avaliação imobiliária moderna exige uma dissecação destes três pilares. Um edifício pode ser eficiente (Environmental), mas se falhar na integração com a comunidade (Social) ou na transparência de dados (Governance), o seu valor de mercado será penalizado.
Neste artigo, aprofundamos como cada letra do acrónimo impacta a análise do avaliador e dita a liquidez dos ativos em Portugal.
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Environmental (Ambiental): O Risco de Obsolescência
O “E” é o pilar mais visível e quantificável. Em 2025, com a entrada em vigor de diretivas europeias mais rigorosas, a eficiência energética e a descarbonização são fatores críticos de valorização.
O Impacto na Avaliação:
- Riscos de Transição: A avaliação deve considerar o custo de transição para uma economia de baixo carbono. Imóveis que não cumprem as metas de eficiência enfrentam o chamado “Risco de Transição” . Isto traduz-se na necessidade de prever um Capex (investimento de capital) elevado para obras de retrofit (reabilitação).
- O “Brown Discount”: O mercado já aplica um desconto automático a ativos não certificados. Edifícios sem certificações como BREEAM ou LEED são vistos como ativos de “segunda linha”, com menor liquidez e maior risco de vacancy.
- Custos Operacionais (OPEX): Na abordagem integrativa da avaliação, edifícios “verdes” beneficiam de fluxos de caixa mais robustos, pois consomem menos energia e água, reduzindo os custos operacionais a cargo do inquilino ou proprietário.
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Social (Social): O Valor do Bem-Estar e da Comunidade
O pilar “S” tem ganho um protagonismo inédito. No pós-pandemia, e com as novas formas de trabalho híbrido, os ocupantes exigem espaços que promovam a saúde, o bem-estar e a inclusão.
O Impacto na Avaliação:
- Atração e Retenção de Talento: Empresas multinacionais em Lisboa e no Porto procuram escritórios que funcionem como ferramentas de RH. Edifícios com qualidade do ar, luz natural e espaços de convívio têm taxas de retenção de inquilinos mais altas, o que reduz o risco do investimento e comprime a yield.
- Novas Classes de Ativos: O “S” impulsiona setores específicos como o Senior Living e o Student Housing (PBSA). A avaliação destes ativos depende intrinsecamente da sua capacidade de responder a demografias específicas. A escassez de oferta nestes segmentos em Portugal tem levado a uma compressão de yields, pois cumprem uma função social crítica.
- Impacto Urbano: Em projetos de grande escala, a avaliação considera a integração do ativo na malha urbana. O impacto na comunidade local e a acessibilidade são fatores que, se mal geridos, podem gerar riscos reputacionais e atrasos no licenciamento, destruindo valor.

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Governance (Governança): A Transparência como Ativo
O “G” é muitas vezes o herói invisível. Refere-se à forma como o imóvel é gerido, à transparência dos dados e ao cumprimento legal. Num mercado fortemente impulsionado por capital estrangeiro, a governança torna-se inegociável.
O Impacto na Avaliação:
- Reporte e CSRD: Com a obrigatoriedade da diretiva CSRD (Corporate Sustainability Reporting Directive), os proprietários têm de reportar dados não-financeiros fiáveis. Um imóvel sem histórico de dados de consumo ou com gestão opaca é um “ativo tóxico” para fundos institucionais. O avaliador penaliza esta incerteza através de uma taxa de desconto mais elevada.
- Mitigação de Risco: Uma boa governança implica antecipar legislação futura. A Análise de Cenários permite ao avaliador projetar como o valor do imóvel se comportará sob diferentes quadros regulatórios (ex: agravamento de taxas de carbono). Ativos preparados para o futuro valem mais hoje.
Da Teoria à Prática: As Metodologias de Cálculo
Como é que tudo isto se traduz num valor final? Em 2025, a avaliação imobiliária utiliza abordagens técnicas sofisticadas para quantificar o ESG:
A Abordagem Aditiva (Additive Approach)
O avaliador ajusta a taxa de capitalização (yield) ou a taxa de desconto.
- Exemplo Prático: Se um edifício de escritórios no Parque das Nações é Gold Standard em ESG, o avaliador pode aplicar uma yield de 4,75% em vez de 5,25%. Esse ajuste técnico resulta numa valorização imediata do ativo.
A Abordagem Integrativa (Integrative Approach)
O avaliador mexe diretamente nas linhas do Cash Flow.
- Exemplo Prático: Ao avaliar um projeto logístico, assume-se que, por ser sustentável, terá custos de manutenção 20% inferiores e uma renda de mercado 5% superior à média. Estes inputs financeiros geram um Valor Atual Líquido (VAL) superior, refletindo a realidade económica do ativo sem “ajustes artificiais”.
Conclusão: O ESG é a Nova Linguagem do Valor
O mercado imobiliário em 2025 não perdoa a inércia. A sustentabilidade deixou de ser uma opção ética para se tornar num imperativo de liquidez. Um imóvel que falhe nos critérios Ambientais, Sociais ou de Governança é um imóvel que potencialmente:
- Paga juros mais altos ao banco;
- Afasta os grandes inquilinos internacionais;
- Sofre desvalorização no momento da saída de carteira (exit).
Para navegar neste ecossistema complexo, é fundamental que os relatórios de avaliação não se limitem a descrever o imóvel, mas que quantifiquem cientificamente o impacto destas variáveis.
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